Nutrição e hipertensão: Como a alimentação influencia o controle da pressão arterial
A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é uma condição crônica caracterizada pela elevação persistente da pressão nas artérias. Considerada um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, a hipertensão atinge milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Embora fatores genéticos tenham influência, o estilo de vida, especialmente a alimentação, exerce papel central no desenvolvimento, controle e prevenção da doença.
Entendendo a hipertensão
A pressão arterial é determinada pela força com que o sangue circula pelas artérias. Quando essa força está constantemente acima dos valores considerados normais (acima de 140×90 mmHg, segundo os parâmetros atuais), o coração e os vasos sanguíneos são submetidos a um esforço maior, o que, ao longo do tempo, pode causar lesões nos órgãos-alvo, como cérebro, rins, olhos e coração.
Alimentação e hipertensão: Relação direta
O padrão alimentar moderno, baseado em alimentos ultraprocessados, ricos em sódio, gorduras saturadas e açúcares, tem contribuído significativamente para o aumento dos casos de hipertensão. O consumo excessivo de sal, por exemplo, está diretamente ligado à retenção de líquidos e ao aumento do volume sanguíneo, o que eleva a pressão nas artérias. Por outro lado, uma dieta rica em vegetais, frutas, leguminosas, grãos integrais e gorduras saudáveis favorece o controle da pressão arterial por meio de mecanismos como melhora da função endotelial, redução da inflamação e maior oferta de potássio e magnésio.
Nutrientes que ajudam no controle da pressão arteria
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Potássio: Atua no equilíbrio do sódio no organismo, favorecendo a eliminação do excesso desse mineral pelos rins. Alimentos como banana, abacate, espinafre, batata-doce, feijão e água de coco são boas fontes.
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Magnésio: Ajuda na dilatação dos vasos sanguíneos e tem papel na regulação da contração muscular, incluindo o músculo cardíaco. Pode ser encontrado em sementes (como chia e linhaça), nozes, amêndoas e vegetais folhosos verdes escuros.
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Cálcio: Contribui para a contração muscular e o funcionamento adequado do coração. É obtido por meio de laticínios, vegetais verdes, gergelim e tofu.
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Fibras: Presentes nas frutas, legumes, verduras e cereais integrais, auxiliam no controle da glicemia e colesterol, fatores associados à saúde cardiovascular.
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Antioxidantes: Compostos bioativos como flavonoides e polifenóis (encontrados em frutas vermelhas, cacau, chá verde e azeite de oliva extravirgem) reduzem a inflamação e melhoram a função vascular.
Dieta DASH: Um modelo eficaz
A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) é uma das abordagens mais estudadas e recomendadas para o controle da pressão arterial. Baseia-se na redução do consumo de sódio e aumento da ingestão de alimentos frescos, integrais e ricos em nutrientes reguladores da pressão. O plano limita carnes processadas, refrigerantes, doces e alimentos industrializados, ao mesmo tempo em que incentiva o consumo diário de vegetais, frutas, laticínios com baixo teor de gordura, leguminosas e oleaginosas.
Sódio: o Vilão Silencioso
A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo máximo de 2.000 mg de sódio por dia, o que equivale a cerca de 5 gramas de sal. No entanto, o brasileiro consome, em média, o dobro disso. A maior parte do sódio da dieta não vem do sal de cozinha, mas sim de alimentos industrializados como embutidos, enlatados, salgadinhos, temperos prontos, molhos e refeições congeladas. Ler os rótulos e optar por versões com baixo teor de sódio é uma estratégia fundamental.
Controle de peso e prática de atividade física
A obesidade é um dos principais fatores de risco para hipertensão. A perda de peso, mesmo que modesta (de 5% a 10% do peso corporal), já promove melhora significativa nos níveis pressóricos. A prática regular de atividade física como caminhada, musculação, natação ou dança também contribui para o fortalecimento do sistema cardiovascular e controle da pressão.
Álcool e cafeína: moderação é essencial
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas está associado ao aumento da pressão arterial e deve ser evitado ou moderado. O mesmo vale para a cafeína, que pode provocar elevação temporária da pressão em indivíduos sensíveis.
Conclusão
A alimentação tem papel preventivo e terapêutico no controle da hipertensão arterial. Adotar uma dieta equilibrada, rica em alimentos naturais e pobre em ultraprocessados, associada à prática de atividade física, sono adequado e redução do estresse, é essencial para o cuidado com a saúde cardiovascular. A atuação do nutricionista é fundamental nesse processo, promovendo orientações individualizadas e seguras, capazes de melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente hipertenso.